Casa da Cascata

 

 

 

 

 

 

 

 

Considerada uma das mais famosas casas do mundo, a Casa da Cascata (em inglês: Fallingwater house) ou Casa Kaufmann (nome da família de seu primeiro proprietário) é uma residência localizada 50 milhas a sudeste de Pittsburgh, em Bear Run, na Estrada Rural 1, secção Mill Run de Stewart Township, Condado de Fayette, nas Laurel Highlands dos Montes Allegheny, Estado da Pensilvânia, Estados Unidos da América.

O edifício foi desenhado em 1934 pelo arquitectoFrank Lloyd Wright, considerado o introdutor da arquitectura moderna no seu país, e construída em 1936 no sudoeste rural da Pensilvânia. No entanto, a sua principal característica é o facto de ter sido erguida parcialmente sobre uma pequena queda de água, servindo-se dos elementos naturais ali presentes (como pedras, vegetação e a própria água) como constituintes da composição arquitectónica. Assim como várias outras obras de Wright, foi construída com materiais experimentais para a época.

O proprietário era o homem de negócios Edgar Kaufmann Sr., cujo filho Edgar Jr. fora aluno de arquitectura de Wright. Foi construída no meio dum bosque, no interior duma propriedade da família. Originalmente utilizada como residência de veraneio da família, a casa hoje é um museu.

Edgar Kaufmann Sénior foi um bem sucedido homem de negócios de Pittsburgh e fundador da loja de departamentosKaufmann’s. O seu filho, Edgar Kaufmann, Jr., estudou arquitectura com Wright brevemente.

Edgar Sr. tinha sido levado pelo seu filho e por Wright a pormenorizar os custos da sua utópica cidade modelo. Quando o estudo ficou completo, foi exposto na loja de departamentos Kaufmann’s e Wright foi um convidado na casa de Kaufmann, “La Tourelle”, uma obra-prima franco-normanda que o célebre arquitecto local Benno Janssen (1874-1964) tinha criado para Edgar J. Kaufmann, no elegante subúrbio de Fox Chapel, em 1923. Os Kaufmanns e Wright apreciavam bebidas refrescantes em La Tourelle quando Wright, que nunca perdia uma oportunidade para encantar um potencial cliente, disse a Edgar Jr,. num tom de voz que o seu pai pudesse ouvir, “Edgar, esta casa não é digna dos seus pais…” A observação despertou o interesse de Kaufmanns para algo mais digno. A Casa da Cascata seria o resultado final.

Os Kaufmanns possuiam algumas propriedads fora de Pittsburgh com uma queda de água e algumas cabanas. Quando as cabanas nos seus campos se tinham deteriorado ao ponto de algo precisar de ser reconstruído, o Sr. Kaufmann contactou Wright.

Em Novembro de 1934, Wright visitou Bear Run. Pediu um mapa mapa topográfico da área em volta da queda de água, o qual recebeu em Março de 1935. Este mapa foi preparado pela Fayette Engineering Company de Uniontown e incluiu todos os rochedos, árvores e topografia. Demorou nove meses para que as suas ideias para o sítio se cristalizassem num desenho que rapidamente foi esboçado por Wright a tempo para uma visita de Kaufmann a Taliesin East em Setembro de 1935[1][2]. Foi então que Kaufmann tomou consciência que o desenho de Wright previa que a casa fosse construída por cima da cascata[3], em vez de abaixo da mesma como tinha esperado[4].

O desenho estrutural da Casa da Cascata foi empreendido por Wright em associação com Mendel Glickman e William Wesley Peters, que tinha sido responsável pelo desenho das revolucionárias colunas que foram um elemento do desenho de Wright para o Johnson Wax Building.

Planos preliminares foram emitidos a Kaufmann para aprovação no dia 15 de Outubro de 1935[5] , após o que Wright fez mais uma visita ao local e previu um custo estimado para o seu cliente. Em Dezembro de 1935 foi aberta uma velha pedreira a oeste da água para fornecer as pedras necessárias para as paredes da casa. Wright apenas fez visitas periódicas ao sítio durante a construção, designando Robert Mosher, que era um dos seus aprendizes, como seu representante permanente no local[5]. Os desenhos finais do trabalho foram emitidos por Wright em Março de 1936, com as obras a começar na ponte e na casa principal em Abril desse ano.

A construção foi atormentada por conflitos entre Wright, Kaufmann e o empreiteiro da construção. O edifício está feito de tal forma que as quedas de água podem ser ouvidas do seu interior, mas as quedas só podem ser vistas quando se está de pé na varanda do piso mais alto. Este tipo de mistério de arquitectura geométrica intrigou mesmo o próprio arquitecto Wright.

Kaufmann mandou rever o desenho de Wright a uma firma de engenheiros consultores pondo em dúvida se Wright tinha experiência suficiente no uso de betão armado. Depois de receber o relatório, Wright ficou ofendido e pediu imediatamente a Kaufmann a devolução dos seus desenhos e indicou que se retirava do projecto. Kaufmann pediu desculpas e o relatório de engenharia foi posteriormente enterrado dentro duma parede de pedra da casa[5].

Depois duma visita ao local, Wright rejeitou, em Junho de 1936, o trabalho de betão para a ponte, a qual teve que ser reconstruída.

Para os pavimentos em cantilever, Wright e a sua equipa usou vigas integrais invertidas com a placa plana na face inferior formando o tecto do espaço abaixo. O empreiteiro, Walter Hall, que também era engenheiro, produziu cálculos independentes e defendeu que se devia aumentar o reforço da placa do primeiro andar. Wright rejeitou o empreiteiro. Enquanto algumas fontes afirmam que foi o empreiteiro que, silenciosamente, dobrou a quantidade de reforço[6], de acordo com outras[5], foi a pedido de Kaufmann que os seus engenheiros consultores redesenharam o reforço de Wright e dobraram a quantidade de aço especificado por Wright. Este aço adicional não só acrescentou peso à placa como foi instalado tão próximo que o concreto muitas vezes não conseguia preencher adequadamente o espaço entre o aço, o que enfraqueceu a placa. Além disso, o empreiteiro não construiu uma ligeira inclinação ascendente na cofragem para o cantilever compensar a adaptação e a deflecção do cantilever depois do betão ter secado e da cofragem ter sido removida. Como resultado, o cantilever desenvolveu um abatimento perceptível. Ao tomar conhecimento disto, Wright substituiu temporariamente Mosher por Edgar Tafel[7].

Os engenheiros consultores, com a aprovação de Kaufmann, fizeram que o empreiteiro instalasse uma parede de apoio sobre a principal viga de suporte para o terraço oeste. Quando Wright discobriu isso durante uma visita ao local, fez com que Mosher, discretamente, removesse a linha superior de pedras. Quando Kaufmann, mais tarde, confessou o que tinha sido feito, Wright mostrou-lhe o que Mosher tinha feito e salientou que o cantilever se tinha mantido em teste, sob carga, durante o mês anterior sem o apoio da parede[8].

Em Outubro de 1937 a casa principal estava concluída.

Na época da sua construção, a Casa da Cascata custou um total de 155.000 dólares[9], repartidos da seguinte forma[1]: 75.000 para a casa, 22.000 para os acabamentos e mobiliário, 50.000 para casa de hóspedes, garagem e alojamentos dos criados e 8.000 para os honorários do arquitecto. Contando com a inflacção, estes custos traduzem-se em cerca de 2,4 milhões de dólares em 2010[10].

A Casa da Cascata foi a casa de fim-de-semana da família entre 1937 e 1963. Nesse ano, Kaufmann, Jr. doou a propriedade ao Western Pennsylvania Conservancy. Em 1964, o edifício foi aberto ao público como museu e, desde então, mais de seis milhões de pessoas já visitaram a casa. Actualmente, recebe mais de cento e vinte mil visitantes por ano[9].


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